Rozymario Bittencourt
Jornalista e analista de dados especializado em tecnologias do agronegócio, com foco em agricultura de precisão, sensoriamento remoto e ciência de dados aplicada à cafeicultura. É criador de Safra do Café.

A cafeicultura do Brasil é a de maior destaque mundial, como país sendo o maior produtor e exportador do grão, cultivando as espécies arábica (Coffea arabica L.) e canéfora (Coffea canephora), também conhecido como café robusta, conilon ou atlântico.
Para a safra de café 2025, de bienalidade negativa para a espécie arábica, a produção deve ser de 55,2 milhões de sacas, 1,8% maior em relação à safra anterior, segundo estimativas da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Em comparação à safra de 2023, também de bienalidade negativa e cuja produção foi de 55,1 milhões de sacas, a safra atual apresenta aumento de quase 1%, sendo a área total destinada à produção de café de 2,25 milhões de hectares, aumento de 0,9% em relação ao ano anterior.
Desse total, 1,86 milhão de hectares correspondem a lavouras em produção, com redução de 1,2%, e 395,8 mil hectares a lavouras em formação, que registraram aumento de 11,9%.
Além da boa produção, o setor como um todo tem sido beneficiado também com a elevação dos preços do tipo arábica, com valorização de mais de 50% nos últimos 12 meses -- até setembro de 2025, tendo sido beneficiada por irregularidades climáticas e redução de safra em países concorrentes, como o Vietnã, o que fez cair os estoques globais.
Mas a cafeicultura no Brasil vem passando por um momento bastante desafiador por conta das tarifas de 50% impostas pelo governo dos Estados Unidos aos produtos brasileiros que chegam ao país, prejudicando as exportações, e das exigências da Lei Antidesmatamento da União Europeia para a entrada do café brasileiro no continente europeu.
Para superar esses desafios, o setor tem buscado negociações com a classe empresarial e política dos dois países, visando o fim ou redução das tarifas. Na Europa, os cafeicultores ganharam um fôlego a mais com o adiamento, por hora, da entrada em vigor da Lei Antidesmatamento, o que estava previsto para ocorrer a partir de janeiro de 2026 para grandes empresas.
Internamente, outros desafios importantes, com maior impacto na produção, são os preços dos insumos, com tendência de alta, e as dificuldades de acesso ao crédito rural para incentivar a produção.
Uma das formas que muitos cafeicultores têm encontrado para superar esses desafios é por meio de uma gestão rural mais eficiente e voltada para a sustentabilidade econômica e ambiental da produção de café, com o uso de tecnologias de Cafeicultura de Precisão, um ramo da Agricultura de Precisão aplicada à cafeicultura.
Por meio das técnicas e métodos da Cafeicultura de Precisão, tem sido possível realizar um manejo mais otimizado da lavoura e análises precisas sobre a necessidade de cada talhão da área de produção, desde nutrientes à irrigação, com destaque também para o manejo fitossanitário.
Ferramentas de geotecnologias, como sensores embarcados em satélites e drones, tem contribuído para obter informações variadas sobre a lavoura, como mapeamento, vigor vegetativo e na aplicação aérea de defensivos e fertilizantes.
Essa transição para a Cafeicultura de Precisão, ainda que em estágio inicial, se mostra muito promissora, sobretudo pela possibilidade de uso de tecnologias avançadas, como sistemas de gestão que combinam o uso do sensoriamento remoto por imagens de satélites e algoritmos de Machine Learning.
É o caso do sistema Safra do Café, voltado para estimativa de safra e geração de mapas de variabilidade espacial da produtividade. O sistema permite o monitoramento das lavouras com imagens do sensor MSI/Sentinel-2AB, que possui resolução espacial de 10 metros e temporal de 5 dias -- ou seja, a cada 5 dias é possível ter uma imagem nova da área, desde que não haja cobertura de nuvens.
Além disso, Safra do Café calcula 9 índices espectrais comprovadamente eficientes para o monitoramento da cafeicultura, conforme pesquisas acadêmicas, que são a base de criação do sistema. É possível acompanhar as áreas com maior ou menor vigor vegetativo, umidade do solo e da vegetação, além de estresse climático.
Safra do Café pode ser acessado de forma gratuita e sem cadastros. Basta apenas inserir no sistema o polígono da sua área de produção e os dados da produtividade. Faça um teste com os dados utilizados em pesquisas acadêmicas e veja como o sistema funciona na prática.